quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Idade da Agonia

Teve seu início em período conturbado por batalhas e estendeu-se de 218 a.C. a 31 a.C. A priori, Roma não pretendia grandes conquistas, somente manter seu domínio sobre a Itália, mas para isso era necessário defender-se dos perigos que ameaçavam suas fronteiras e, assim sendo, eliminou tais ameaças ao preço de uma grande dívida nacional. Estando o sul da Itália devastado não só pela guerra como também pelas conseqüências políticas, eram necessárias novas áreas para produzir. E Roma tendo sua autoridade restabelecida, executou então um confisco de terras dos estados aliados, novamente dominados, como punição.
Havendo grande volume de capital privado acumulados durante a guerra por fornecedores do exército e a antiga classe dominante sendo obrigada por lei a investir em terras, geraram-se os fatores que levaram a dedicar-se então as atividades lucrativas nascentes da época que era a criação de ovelhas e gado bem como o cultivo de árvores frutíferas (oliveiras e a vinha), do qual o produto assegurava bons lucros no mercado. E este último era proporcionado pelo crescimento das cidades fruto do despovoamento do campo, com a procura da segurança e das atrações da vida urbana.
Sinalizando que a mão de obra para as novas culturas era a mão de obra escrava (prisioneiros de guerra e civis raptados nos distúrbios), que em sua primeira experiência mostrou dois fatores positivos, sendo o primeiro a exploração ao extremo e em segundo a isenção de recrutamento militar. A revolução econômica do século II a.C. teve o intuito de maximizar a produção da terra visando lucros em substituição da agricultura subsistêncial.A força de trabalho camponesa romana em geral estava ocupada em formar os enormes exércitos, que se dedicava a suas frentes abertas de batalha. E mais, o Império Romano, que tentava governar sem um exército profissional ou um serviço civil profissional e com este conservadorismo apenas favoreceu homens de negócios predatórios o que levou os camponeses que sustentavam o exército ao fracasso acarretando no declínio do potencial militar de Roma no curso do século II a.C.
O que culminou a uma tentativa de reforma agrária radical. Onde Tibério e Caio Graco tentaram implantar tal reforma, mas ambos morreram antes de obter sucesso. A redistribuição quando consolidada não produziu os efeitos previstos pelos Gracos, muito pelo contrário, gerou distúrbios internos. A partir daí, Caio Mario iniciou um programa de recrutamento de sem-terras que estavam isentos do serviço militar em troca de uma recompensa em terras expropriadas. Toynbee salienta, porém, que os soldados contemplados com os lotes de terra perdiam gosto e o jeito para trabalhar nelas.
Em 90-80 a.C e 49-31 a.C travaram-se guerras civis romanas, os camponeses exigiam terras, os aliados latinos e italianos buscavam a cidadania romana e os “generais políticos”, o poder. A aristocracia romana, a priori, mostrava-se incompetente para gerir tal situação. Roma penava com as revoltas de escravos, guerras civis e invasões “bárbaras”. O principal fornecedor de escravos era o comércio pirata, que fortaleceu-se após Roma esmagar a monarquia selêucida que, com sua frota enfraquecida, deixou o mediterrâneo livre.
O governo ptolomaico também sofreu com as insurreições armadas e com a desobediência civil de ordem pacífica. A vida da monarquia selêucida também não andava nada fácil, e os motins populares tornaram-se mais freqüentes após a a derrota para os romanos na guerra de 192-190 a.C. Após um custoso acordo de paz em 189 a.C o governo selêucida se via endividado e com extrema dificuldade de se reerguer.
O processo de helenização imposto por Antíoco IV, encontrou uma gigantesca pedra no sapato, que foi a incompatibilidade de relacionamento com a cultura judaica, a qual respondeu severamente. Esse fatal encontro entre os judeus e o helenismo originou o cristianismo e o islamismo que até hoje são potências religiosas. O mundo helênico despertava o interesse dos “bárbaros” que foram beneficiados com a queda dos persas. A “agonia” do helenismo, termo constantemente utilizado por Toybee, que tinha tomado imensas proporções atingindo regiões com a Índia e a costa atlântica da Europa, agora parecia chegar em sua última fase. As guerras civis foram cessadas em 31 a.C, quando Otaviano César venceu Marco Antônio em Áccio.

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